As forças no mundo contrárias à Fé da Igreja são enormes e crescentes até em Roma.
Já o eram no tempo de Pio XII, o último papa católico, submerso por problemas doutrinais e políticos nunca vistos, e circundado por uma classe clerical deplorável, à beira da apostasia pessoal, hoje constatada na difusa indiferença da apostasia geral.
Isto se tornou evidente e muitos querem culpar esse papa por não ter removido, mas promovido figuras do cripto-modernismo maçônico do calibre de Roncallis e Montinis.
O Céu não podia ignorar a origem de tal descalabro religioso.
Não foi por esta razão que suscitou um Papa santo como Pio X e depois Fátima?
Após a morte de São Pio X, talvez eliminado*, e sua ação amortecida, a resistência católica clerical, ficou tão depauperada que a Igreja precisou de um milagre sem igual.
Foi a Aparição de Fátima onde a Mãe de Deus, atendendo ao recurso público do papa (artigo), trouxe um pedido para um milagre: a consagração colegial da Rússia que seria uma conversão para esse País, para o mundo e para a mesma Roma.
Ali já operava a oposição modernista de carreiristas «pro novus ordo seclorum».
* Sua morte parece um tanto suspeita. Despachou pela manhã normalmente os documentos ao Secretário de Estado (Card. Merry Del Val) e à tarde este foi chamado com urgência para ver o Papa. Quando chegou Pio X já estava morrendo e levando a mão a garganta como se dissesse não poder falar e então morreu, segundo a notícia oficial, devido à uma “pneumonia fulminante”. Também o Cardeal Merry Del Val iria morrer de modo estranho, pois foi durante uma cirurgia de pequena gravidade, estrangulado pela própria prótese dentária. ( https://promariana.wordpress.com/2010/09/03/festa-de-sao-pio-x-soberano-pontifice-e-confessor/ )
Como Bento XV não reconheceu a Profecia, nem Pio XI a ouviu, nem o Papa de Fátima, Pio XII, soube cumprir o pedido profético, o que aconteceria?
O resultado foi que, já antes da morte do último papa, em outubro de 1958, a Igreja estava aberta aos inimigos da verdade, da conversão à ortodoxia católica, doutamente ensinada desde os Apóstolos e repetida com simplicidade na mensagem salvadora de Fátima, cuja graça não souberam devidamente acolher.
Novas confabulações humanas eram primícias de manobras contrárias à Providência, que preteriam a fé na mediação de Maria junto ao único Senhor do Céu e da Terra.
Isto teria levado ao flagelo de um «concílio ecumenista» que silenciaria sobre a terrível ameaça comunista e sobre a esperança de Fátima, extenuando parte do Magistério e do testemunho que a Igreja edificou em vinte séculos contra as forças das trevas.
Nesses anos o «novo clero» sentia-se capaz de dialogar com tais poderes para acertar a convivência pacífica em que os “retrógrados” predecessores haviam falhado!
Para esse fim a Igreja devia desculpar-se de ter acusado erros!
Reportagem de L’Italia, por Giulio Ferrari
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Afastado de Roma nos últimos anos do Pontificado de Pio XII por suas relações com comunistas
Passaram então a comandar na Igreja homens que tanto estavam próximos à Cátedra papal quanto distantes do pensamento de Pio XII. Entre eles: o arcebispo de Milão, Montini, que pelos seus abusos e traições na Secretaria de Estado fora “removido” para aquela posição, mesmo sem ser feito cardeal; o cardeal Roncalli, patriarca de Veneza, futuro João 23, cujo primeiro ato foi fazer Montini cardeal e supremo consultor do concílio inaugurado para divergir dos «profetas de desdita» e abrir a Igreja a um decantado mundo moderno, onde o confessor de Pio XII, o jesuíta e biblicista alemão Bea era promovido a grande líder progressista do Vaticano II.
Em recolhimento fecundo [perjúrio e ambiguidade?] a vastidão ecumênica e o fermento inovador do seu glorioso pontificado.
Havia nesse novo curso um afastamento da visão do mundo de Pio XII, o temor que o mundo ouvisse a mensagem de Fátima sobre os perigos do inferno; contra o programa do Vaticano 2 implementado pelos novos chefes contrários à Fátima e à fé tradicional.
Todavia, Pio XII, em agosto de 1958, e eram seus últimos dias, perguntava a um grupo de peregrinos americanos conduzidos pelo padre Leo Goode: “Acreditais em Fátima?” À resposta positiva dos fiéis o papa continuou: “Se quisermos paz, devemos obedecer aos pedidos feitos em Fátima. O tempo de duvidar de Fátima já passou; é tempo de agir.” (Fatima the Great Sign, Francis Johnston, Augustine Publ. Devon, 1980, p. 73).
Mas a ocasião propícia passara e ele se esquecera de que o timão da barca de São Pedro estava em suas mãos e competia-lhe comandar. Se suas palavras foram firmes e seus documentos doutos, seus atos foram por vezes tíbios. Temendo punir e remover, como compete ao chefe da Igreja de Deus, promoveu e transferiu diplomaticamente homens que seriam os bispos, cardeais e papas da auto-demolição da Igreja. Seriam os fatos a fazer esse julgamento neste mundo, que apesar dos sonhos utópicos só piorou.
Na Arquidiocese de Milão, de onde o santo cardeal Schuster, de acordo com Pio XII, já em 1941 fazia divulgar a devoção de Fátima, ficava o arcebispo João Batista Montini, que usaria essa devoção e tudo mais na Igreja para mandar avante seu projeto de fraternização humanitarista e paz, pelo culto do homem.
A TRISTEZA DE NOSSA SENHORA
No dia 19 de setembro de 1846, na montanha de La Salette, França, dois pastorzinhos, Melania e Maximino, viram uma linda senhora sentada sobre a pedra onde haviam construído um pequeno “paraíso” de flores. Chorava com a testa entre as mãos.
Chamou os meninos para transmitir-lhes uma mensagem.
Podia esta não ser triste se fazia a Mãe chorar pelos filhos?
A infinita tristeza de Maria será vista e suas lágrimas recolhidas em diversos lugares do mundo na nossa época. Já não é esta uma mensagem, um aviso de valor inestimável?
A mensagem que segue esses milagres pode deixar de ser igualmente triste?
Ora, isto é dito aqui porque há dois tipos de considerações feitas sobre as aparições que só podem confundir as idéias dos católicos.
A primeira, ao dizer que nelas tudo é vago e, portanto, interpretável.
A segunda, a de que só a autoridade da Igreja pode entendê-las.
No primeiro caso confunde-se vago com velado. Também as Escrituras são veladas, mas nada têm de vago. Cada palavra, vinda de Deus, tem valor e sentido inestimável. No segundo caso, confunde-se o que só a autoridade pode esclarecer e confirmar, com o que dispensa explicações humanas.
A tristeza de Nossa Senhora é uma mensagem que dispensa palavras.
Indica que muitos de seus filhos estão na via da perdição. As palavras podem servir para ajudá-los e guiá-los, mas se não forem ouvidas, se ninguém souber ou quiser chamá-los de volta, se na Igreja prevalecer o silêncio e a omissão sobre os perigos iminentes, a tristeza da Santa Mãe aumenta.
Essa tristeza e menosprezo têm sido a constante de nosso tempo e para demonstrá-lo será relatado aqui o caso do padre mexicano Agostinho Fuentes, escolhido como vice-postulante da causa de beatificação dos pastorzinhos Francisco e Jacinta e que para isto interrogou irmã Lúcia no Convento de clausura em Coimbra, onde ela vive desde que se tornou carmelita descalça.
O encontro foi em 16 de dezembro de 1957. Na sua volta à pátria deu uma conferência em 22 de maio de 1958, onde relatou a entrevista com a vidente de Fátima, autorizado pelo bispo de Leiria-Fátima e pelo seu Bispo no México. O sacerdote relata que a irmã Lúcia recebeu-o cheia de tristeza, magra e aflita, comunicando-lhe suas meditadas preocupações (publicadas em seguida em espanhol e inglês):
“Padre, a Senhora está muito triste porque não se deu atenção à sua mensagem de 1917. Nem os bons nem os ruins tomaram conhecimento. Os bons seguem o seu caminho sem preocupar-se com atender às indicações celestes; os ruins, marcham na estrada larga da perdição sem tomar nenhum conhecimento das ameaças de castigo. Creia, padre, o Senhor Deus muito em breve castigará o mundo. O castigo será material e o padre pode imaginar quantas almas cairão no inferno se não se rezar e fizer penitência. Esta é a causa da tristeza de Nossa Senhora.
“Padre, diga a todos o que a Senhora tantas vezes me disse: ‘Muitas nações desaparecerão da face da Terra. Nações sem Deus serão o flagelo escolhido por Deus para castigar a humanidade se vós, por meio da oração e dos santos Sacramentos, não obtiverdes a graça da conversão dessas nações. Diga, padre, que o demônio está travando a batalha decisiva contra a Senhora, e o que aflige o Coração Imaculado de Maria e de Jesus é a queda das almas religiosas e sacerdotais. O demônio sabe que religiosas e sacerdotes, descuidando de sua excelsa vocação, arrastam muitas almas para o inferno. Estamos ainda em tempo de evitar o castigo do Céu. Temos à nossa disposição meios muito eficazes: a oração e o sacrifício.
“O demônio faz de tudo para distrair-nos e tirar-nos o gosto pela oração. Porém, é preciso dizer às pessoas que não devem permanecer à espera de uma convocação à oração e penitência, nem de parte do papa, nem dos bispos, nem dos párocos, nem dos superiores gerais. Chegou o tempo de cada um, por sua própria iniciativa, realizar santas obras e reformar a sua vida segundo a convocação de Nossa Santíssima Mãe.
“O demônio quer se apossar das almas consagradas, trabalha para corrompê-las, para instigar muitos à impenitência final; serve-se de todas as astúcias, sugerindo até mesmo o aggiornamento da vida religiosa [introduzir o mundo na vida religiosa]. Resulta disso a esterilização da vida interior, o esfriamento nos leigos do espírito de renúncia aos prazeres e a total imolação a Deus. Lembre-se, padre, de que foram dois fatos que concorreram para santificar Jacinta e Francisco: a grande tristeza da Senhora, e a visão do inferno. A Senhora encontra-se como que entre duas espadas: de um lado vê a humanidade obstinada e indiferente às ameaças de castigos; de outro, vê a profanação dos santos Sacramentos e o desprezo dos avisos de castigo que se aproximam, permanecendo incrédulos, sensuais, materialistas. A Senhora não disse claramente que nos aproximamos dos últimos dias. Mas me deu a entender, repetindo isso três vezes: na primeira, que o demônio está para iniciar a luta decisiva, isto é, final, da qual sairemos vitoriosos ou vencidos, ou estamos com Deus ou estamos com o demônio. Na segunda vez me repetiu que os últimos remédios dados ao mundo são o Santo Rosário e a devoção ao Imaculado Coração de Maria. E últimos significa que não haverá outros. Na terceira vez, disse-me que esgotados os outros recursos desprezados pelos homens, oferece-nos com temor a última âncora de salvação: a Santíssima Virgem em pessoa, com suas numerosas aparições, suas lágrimas, as mensagens dos videntes espalhadas por toda parte do mundo. E a Senhora disse ainda que se não a ouvirmos e continuarmos na ofensa, não seremos mais perdoados, será como recusar aberta e conscientemente a salvação que nos é oferecida, e isto no Evangelho é chamado o pecado contra o Espírito Santo. Padre, é urgente que tomemos consciência da terrível realidade.
“Não se quer encher as almas de medo, mas é uma convocação urgente à realidade, porque desde que a Virgem Santíssima deu grande eficácia ao Rosário, não há problema material ou espiritual, nacional ou internacional, que não possa ser resolvido por ele e pelos nossos sacrifícios. Recitá-lo com amor e devoção, consolando Maria, enxugará tantas lágrimas de Maria Santíssima, de seu Imaculado Coração, nos salvaremos e obteremos a salvação de muitas almas.
“Na devoção ao Imaculado Coração de Maria, aproximaremos o trono da clemência, da serenidade e do perdão e encontraremos nele o seguro caminho para o Céu.”
* Ver nota no fim do artigo.
Essa mensagem foi publicada e difundida pelo mundo com todas as garantias de autenticidade e com aprovação episcopal. Em seguida, porém, parece que foi distorcida em tom sensacionalista criando alarmes sobre eventos que teriam lugar em 1960.
Ai o bispado de Coimbra interveio com uma comunicação oficial que condenava a “campanha de profecias que chegam a provocar uma tempestade de ridículo”, com uma declaração de irmã Lúcia de ignorar castigos falsamente atribuídos a ela.
Referia-se à entrevista de padre Fuentes, mas, como muito bem nota o padre Alonso, que é o maior relator dos fatos de Fátima (obra em vários volumes, em edição póstuma), no seu livro Segredo de Fátima, fatos e lenda: “o que padre Fuentes diz no texto original de sua conferência no México corresponde, sem dúvida, à essência do que ele ouviu durante suas visitas à irmã Lúcia, pois embora no relatório os trechos tenham adornos oratórios e outros recursos literários, não dizem nada que a vidente já não tenha dito em seus numerosos escritos publicados. Talvez o defeito foi ter classificado de mensagem ao mundo o que ouviu.” É verdade que há distorções e abusos sobre muitas mensagens proféticas, isso ocorre até com a Bíblia, mas justifica que seja preterida a distinção entre o falso e o genuíno, condenando este como fez o bispo de Coimbra?
Padre Joaquim Alonso
Entrevista adversa ao Vaticano de João 23, mas autêntica?
O que nos refere padre Fuentes é sem dúvida valioso; não há fantasias sobre os castigos como deve ter descrito a irmã Lúcia. E há também um segundo relatório em que o padre mexicano fala dos sofrimentos pessoais de Pio XII, que nos últimos meses de sua vida sofria com uma situação preocupante no mundo e na Igreja.
Sabia da demolição que aconteceria sob os novos «pontificados»?
De fato, o quadro religioso descrito nesse relato de 1957 em pouco tempo demonstrou ser apenas um esboço. Os católicos que testemunharam as transformações da Igreja depois de Pio XII viram a vida eclesial degenerar rápida e sinistramente. Abandonou-se a oração e a penitência como desprezou-se a doutrina e a virtude, e, embora os males do mundo dilatassem em turbilhão e invadissem o sagrado, ninguém mais convocava à defesa da fé. Se antes não se ouvira Fátima, depois se tentou deturpá-la. A tristeza de Maria Santíssima ficou esquecida. E aconteceu que, enquanto crescia a indiferença para com os sinais do Céu, aumentava a invocação de obediência e respeito para com os projetos e transformações efetuados na Terra. Nunca se convocou tanto à caridade e compreensão para com os erros de toda ordem. Só a fé para a salvação das almas era esquecida! E na segunda metade do século XX esse novo espírito passou a dominar.
O que falta demonstrar? Sobre as distorções, ambigüidades, hipocrisias e heresias da «nova igreja» e do culto do Vaticano 2, deveria bastar a vasta bibliografia do que foi publicado neste último meio século; das acusações de Mgr Lefebvre as de Dom Mayer, dos escritos de Gustavo Corção aos de Plínio Corrêa de Oliveira, do Padre Barbara ao Abbé de Nantes, do Padre Cornélio Fabro ao filósofo Romano Amerio.
À bibliografia do Prof. Tomás Tello sobre a revolução litúrgica que apenas publicamos, acrescente-se a minha às páginas 216-217 da «Eclisse del Pensiero Cattolico»(https://promariana.wordpress.com/livros/).
Enfim, pouco ou nada falta para descrever a devastação na «Vinha de Nosso Senhor» e nem mesmo sobre a censura do «Terceiro Segredo» por João 23 e a sua apropriação por João Paulo 2, tratando-se de falcatruas públicas e notórias.
Talvez ficasse por provar que a entrevista da Irmã Lúcia com o Padre Fuentes, que apareceu retratada por ela no jornal de Coimbra, fosse mesma autêntica. Pois bem, esta consta de meu livro de 1988, «Entre Fátima e Abismo», que foi entregue e lido pela Irmã segundo me confirmou sua sobrinha Maria do Fetal diante do P. Robert Bellwood e da Irmã Marie Lucie. Importa lembrar que, na companhia deste sacerdote, tive um encontro muito revelador em Fátima com o Padre Messias Coelho na Pensão Solar da Marta de Fátima quando este nos informou, de modo tão explicito como ingênuo, que o Vaticano havia enviado instruções à Irmã Lúcia e a alguns clérigos ligados ao apostolado de Fátima, como ele mesmo, o Padre Pierre Caillon, o Abbé de Nantes da CRC e o Rv. Nicholas Gruner e outros: a consagração da Rússia já havia sido realizada e que o Céu se dignara aceitá-la. Portanto não se devia mais importunar o Santo Padre! Estavam também presentes nessa ocasião o proprietário da pensão, Armando Mendes e o editor inglês Tindal-Robertson, editor da Apologia de Mons. Lefebvre, que ficaram felizes com as instruções vaticanas de 1988 sobre a consagração feita em 1984!
No caso do Padre Coelho há que lembrar que no seu livro, “O que falta para a conversão da Rússia” (Fundão, 1959), ele diz que ela “só pode entender-se, no sentido do retorno à fé católica, De resto, só esta é a verdadeira conversão” (p. 286).
Conclusão: a consciência da Irmã fora forçada, tanto para negar a «entrevista Fontes», que leu e não negou no meu livro, como para a consagração da Rússia, que negou até 1988 e depois parece ter aceitado junto com a abolição da centralidade crucial de 1960.
Mas o que os humanos podem negar, fica num Livro incancelável (Ap 9, 10) porque Nosso Senhor quer até o fim salvar quem procura Seus sinais inconfundíveis.
* Há diferenças nos textos por causa das traduções. Aqui publicamos o texto do livro enviado à Irmã Lúcia, que ela tacitamente reconheceu e aprovou.