Pro Roma Mariana

Sedevacantismo Portugal.

Daily Archives: Dezembro 18, 2023

Alguns sedevacantistas são manhosos demais

Em alguns artigos anteriores já comentei os defeitos de alguns sedevacantistas. Há por vezes uma atitude elitista, questões relativas ao comportamento das mulheres e divisões desnecessárias. Este último ponto, das divisões, faz com que seja difícil agradar a todos. Alguns são demasiado críticos. A história diz-nos que a Igreja é muito cuidadosa no julgamento. Veja-se, por exemplo, as canonizações. Ela também tem cuidado em condenar. Demorou quase três anos para condenar Lutero. São Tomás Moro foi muito reservado no julgamento daqueles que assinaram a proclamação da primazia do rei sobre a igreja da Inglaterra.


Aqui em Portugal, o Sr. Araí Daniele, o primeiro dos organizadores destacado do movimento sedevacantista, foi muito cuidadoso: embora não admitisse celebrações una cum na sua capela, era mais reservado em outros assuntos. Houve alguns padres que celebraram na sua capela privada sem declararar publicamente sua posição sedevacantista. Houve até um capelão que colaborou com alguns bispos que aceitaram a tese de Cassiciacum. Havia um padre que estava indeciso sobre a questão do sedevacantismo, mas celebrava una cum (São) Pedro (mais tarde, esse padre tornou-se completamente sede, mas isso foi muito tempo depois da morte de Araí.)


Hoje em dia, alguns organizadores do movimento são mais exigentes: ora porque têm problemas com a linhagem do Bispo Dolan, já que ele foi ordenado com uma mão, ora desprezam padres envolvidos com o Mons. Sanborn porque ele ser um adepto da tese, ora se opõem aos sacerdotes de Mons. Pivarunas porque, em caso de necessidade, ele não proíbe seus fiéis de frequentar missas una cum. Depois há também quem descarte a Fraternidade de São Pio V porque nessa organização, embora a maioria, se não todos os seus sacerdotes, não celebrem una cum, não condenam quem o faça. Outros rejeitam o Bispo French porque ele deriva suas ordens de Mons. Kohrab, a quem eles (de alguma forma, não me perguntem como) associaram à KGB (como se isso importasse para a validade sacramental). Outros rejeitam padres que não se associem a nenhum bispo. Depois há ainda a rejeição de bispos devido a comportamentos escandalosos, porque esses bispos se reproduziram, para não usar uma outra expressão. Se continuarmos assim, acabaremos por deitar fora tudo e todos. Nesse caso, a Igreja já estaria morta, apesar da promessa de Nosso Senhor.


Então, o que fazer? É preciso primeiro ver que a maioria, se não todos, entre estes a quem aqui me refiro, são sedevacantistas há apenas alguns anos. São como que uma “espada acabada de desembainhar”, cheios de força e de zelo pelo Senhor. Eu sou sede há vinte e seis anos e menos julgador. Araí Daniele, com décadas de experiência a organizar celebrações não una cum, era muito tolerante também. Os santos, como S. Tomás Moro, eram muito reservados nos seus juízos. Nossa Santa Mãe, a Igreja, também foi muito cuidadosa em seus julgamentos durante toda a sua história. Quebrar a comunhão, para um católico, é uma questão muito séria, por isso não deve ser levada de ânimo leve.


Alguns organizadores parecem ter-se tornado semelhantes aos protestantes, que se reservam o direito de escolher seus ministros. Esta atitude não é católica, mas, infelizmente, hoje não podemos aceitar todos. Quais são, portanto, os critérios importantes para eliminar potenciais celebrantes? Sabemos que os novos sacramentos são, no mínimo, duvidosos, se não completamente inválidos, por isso não podemos aceitá-los. Devemos rejeitar as novas doutrinas que vêm do Vaticano Dois, como devemos recusar a ouvir heresia do púlpito. Essas heresias decorrem da aceitação dos falsos papas. Isso também resulta em uma eclesiologia errónea, ou seja, em confundir a Igreja Católica e a seita conciliar. Embora eu prefiro não ter nada a ver com as missas una cum, evitava eliminar os bispos que não proíbem isso. Sou contra a tese, mas como não é um dogma, não eliminaria celebrantes que a aceitassem. Assim, devemos rejeitar:
1) A nova Igreja, sua hierarquia e seu “papa”.
2) a doutrina e a eclesiologia errónea (confundindo a nova igreja com a verdadeira), consequentemente heresia do púlpito e doutrinas condenadas, tais como o feeneyismo e o milenarismo;
3) Os novos “sacramentos”
4) As celebrações una cum.
5) conclavismo
6) celebrantes abertamente sodomitas ou casados.
7) Eu prefiro as rubricas de São Pio X.
Curiosamente, alguns dos mais mesquinhos e exigentes não têm qualquer problema com rubricas. Mas nem tudo são más notícias, pois pelo menos também há entre os organizadores quem reconheça a linha Thuc. Não há bispos ortodoxos oriundos das outras linhas, e a Igreja sempre terá pastores (assim diz o Vaticano Um). Portanto, se eles não fossem válidos, não haveria bispos católicos.
Para não deitar fora tudo, temos de ser tolerantes com as restantes questões. Este é o melhor conselho que se pode dar, já que não há papa para passar um julgamento definitivo.

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